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A revolução vertical: como a websérie anunciou o futuro do audiovisual na palma da mão

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Uma recente matéria da Folha de S.Paulo celebra a ascensão das novelas verticais, de capítulos curtos, como a grande novidade do mercado audiovisual. Para quem lê, pode parecer uma disrupção repentina, um formato que emergiu do nada para conquistar as telas dos celulares. No entanto, para mim, é a materialização de um futuro que detalhei, capítulo por capítulo, em meu livro


No meu livro "Websérie: Criação e Desenvolvimento", publicado em 2013. A "novidade" de hoje nada mais é do que a consolidação da linguagem que eu já dissecava há mais de uma década. No livro, eu cunhei o termo "webespectador" para definir a nova audiência que surgia. Longe do espectador passivo da televisão, o webespectador era (e é) um agente ativo, impaciente e no controle total de sua experiência. Como afirmei na obra, ele "não espera a hora da novela; ele faz a sua própria hora, maratonando conteúdo na fila do banco, no ônibus ou antes de dormir". É precisamente para este público que as novelas verticais são desenhadas, um público que, como aponta a matéria, precisa ser conquistado em meio a um turbilhão de distrações na tela do celular.


A questão do formato, hoje celebrada como inovadora, foi um pilar central em minha análise. Em "Websérie: Criação e Desenvolvimento", dediquei uma seção inteira à "dramaturgia para telas pequenas", argumentando que o consumo no celular exigiria uma nova linguagem audiovisual. O enquadramento vertical, descrito na reportagem como uma ferramenta que "traz uma estética intimista, põe o espectador dentro da cena", é a consequência direta da necessidade de criar uma conexão direta e pessoal com o webespectador, que segura o aparelho a centímetros do rosto.


A estrutura dramática, que a matéria descreve como sendo feita de "tramas acessíveis e com ganchos irresistíveis", foi minuciosamente detalhada no meu livro. Na época, eu propus que cada episódio tivesse aproximadamente 8 minutos defendendo que, no ambiente digital, "a cada dois minutos de narrativa tem que ter seu próprio clímax e seu próprio gancho. O objetivo não é prender o público para o dia seguinte, mas para os próximos 30 segundos". O que diferencia nos dias atuais, é que cada episódio inteiro tem aproximadamente dois minutos, o que, em tese, mantêm a estrutura dramática proposta por mim. O sucesso estrondoso de "A Vida Secreta do Meu Marido Bilionário", com seus 68 episódios de dois minutos, valida essa abordagem de forma incontestável: a recompensa precisa ser imediata e constante.


Por fim, a produção. A matéria destaca como os microdramas são mais baratos de produzir que um filme de baixo orçamento , permitindo que novos criadores entrem no mercado, como o influenciador Reeh Augusto, que gastou R$ 65 mil para fazer sua obra. Em 2013, no capítulo sobre produção de webséries, eu já afirmava que "a internet democratizará não apenas a distribuição, mas fundamentalmente a criação de conteúdo audiovisual". Detalhei como equipes enxutas e equipamentos mais acessíveis poderiam competir em qualidade narrativa com as grandes produções, que custam mais de R$ 1 milhão por capítulo.


Portanto, quando leio que gigantes como Globo e SBT estão apostando no gênero, vejo a indústria finalmente alcançando a vanguarda que os criadores independentes de webséries estabeleceram anos atrás. O que está acontecendo não é uma surpresa, mas uma confirmação. O futuro do audiovisual, como escrevi em 2013, sempre esteve destinado a ser rápido, pessoal, acessível e, acima de tudo, a caber no bolso do espectador.

 
 
 

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